Não deixem que calem a tua voz, mergulhe nas páginas de um livro e encontre as respostas. |
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CADE A MINHA NATUREZA
O povo diz que é sábio
Mas muito tem destruído Em nome de um progresso Aos poucos tem poluído O nosso querido rio Onde era um verde macio É hoje um deserto esquecido. Cadê as minhas florestas? Que não consigo mais ver Onde estão as matas virgens? Aonde eu ia me esconder Lamento meu passado Por ter sido assassinado Aumentando o meu sofrer. Onde está a cachoeira? Com a bela correnteza Universo dos peixinhos Berço de amor e beleza Não tem mais fauna, nem flora A minha alma chora Pela morte da natureza. Não escuto mais os pássaros Cantando nas manhãs Cadê o gavião e arara? Não sobraram nem as rãs Mataram a rolinha e o jabuti O fura-barreira e o juriti O joão-de-barro e as arribaçãs. Cadê meu pé de aroeira? De quando eu era menino Hoje só vejo as queimadas Aumentar meu desatino A terra é um manto escuro Selando o meu futuro Condenando o meu destino. Cadê as estreitas veredas? Por onde meu avô andava E as sombras das ingazeiras? Onde meu pai descansava Mergulhei na história E guardarei na memória Os caminhos que eu passava. Não tem mais o manto verde Cobrindo a minha terra Nem vejo as minas d’águas Descendo pela serra O homem tem estragado O nosso universo amado Através da infinita guerra. Mataram o pereiro e favela Umburana, mororó e marmeleiro Mandacaru, jurema e algaroba Mulungú, angico e umbuzeiro Baraúna, catingueira e aveloz Está me faltando a voz Pela morte do antigo juazeiro. A fauna chora agonizando Pelo homem, torturada A flora se desespera Pelo machado, desmatada Não encontro um caminho Hoje me acho sozinho Perdido no meio do nada. O povo se torna omisso Usando a demagogia Não dão chance de defesa Ferindo a terra com rebeldia Desmatando sem piedade Onde era pra ser felicidade É um ambiente de agonia. Cadê os berços cristalinos? Com os recursos naturais E a caatinga de outrora? Com as plantas medicinais Curando qualquer ferida Valorizando a vida São coisas que não vejo mais. A flor chora sem o colibri Não tem mais preá no mato As abelhas sem o néctar Sofre o cachorro e o gato Só existe o passado Para apenas ser lembrado Na imagem de um retrato. Autor: Antonio dos Anjos (Viola) – 13 de outubro de 2008 Presidente da Academia Afogadense de Letras – AAL
Antonio dos Anjos
Enviado por Antonio dos Anjos em 30/08/2009
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