Dei a sorte para o azar
E guardei o mar num pote
Das estrelas fiz um colar
E do sol fiz um pacote
Nas serras eu fiz um corte
Para uma planície ficar
Para se poder plantar
Uma floresta no deserto
Do distante eu fiz o perto
Só para poder te amar.

Para poder te encontrar
Eu compus uma canção
Toquei eu seu coração
E do errado eu fiz o certo
Ao tolo ensinei a ser esperto
Para aos outros, ensinar
Ao poeta ensinei a rimar
Para sobre o amor escrever
No holocausto sobreviver
Só para poder te amar.

Para meu amor te provar
Prendi a lua numa moldura
Passeei no Sistema Solar
E fui o rei da aventura
Traduzi a Sagrada Escritura
E na sinagoga fui orar
Ao lado de Olga fui lutar
Na Segunda Guerra Mundial
Venci a Ditadura com um punhal
Só para poder te amar.

Sem asas aprendi voar
Fui domador de leão
Com os peixes aprendi nadar
Com a sereia aprendi a canção
Entrei desarmado no seu coração
E permiti-me chorar
Fiz as lágrimas represar
Para a seca não vencer
Fonte de água para beber
Só para poder te amar.

Pelo mundo fui vagar
Descobri o desconhecido
Sem recesso fui procurar
Achei o que estava perdido
Relembrei o esquecido
A arca de Noé eu fui visitar
Consegui desmascarar
O anticristo moderno
Joguei água no inferno
Só para poder te amar.

Depois da jornada fui descansar
Nos braços da Literatura
Adormeci e pude sonhar
Com a tua formosura
Vivemos juntos uma aventura
Nos remansos do verbo amar
Passeamos no verbo beijar
Traçamos metas na cumplicidade
Navegamos na onda da felicidade
Só para podermos amar.

Autor: Antonio dos Anjos
22 de novembro de 2009.