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VERSOS DO IMPOSSÍVEL
Sentir saudades do tempo que nunca existiu
Amar alguém que nunca se quer nasceu Caminhar numa estrada que ninguém construiu Colher no jardim as flores que nunca floresceu. Ouvir uma música que nunca conseguiram compor Tocar uma melodia num instrumento nunca inventado Realizar grandes edificações sólidas erguidas com isopor Beber o elixir da vida sem nunca alguém ter experimentado. Voar no imenso espaço azul numa nave nunca construída Superar a velocidade da luz sem sair do mesmo lugar Ultrapassar a racionalidade com a mente obstruída Relacionar-se com as virtudes num estilo bem vulgar. Sentir o medo de algo que nunca a ninguém assustou Tomar banho numa chuva que não derrama água Espalhar as parafernálias que auto se ajustou Beber a fonte que teimosamente sempre deságua. Queimar-se com o fogo que não emite calor Degustar a solidão que proporciona multidões Ficar mudo sem palavras mesmo sendo um falador Jogar ao vento folhas brancas presas nos cordões. Rabiscar as paisagens desenhadas no imenso céu Borrar as estrelas que pulam no colo brilhante da lua Engolir o silêncio e sentir dentro do estômago o escarcéu Cobrir o corpo da mulher que não se encontra nua. Recitar uma poesia que nunca foi possível escrevê-la Subornar os gêneros e receber a honestidade da literatura Fazer amor com a amada se nunca conseguiu nos braços tê-la Exilar-se nos calabouços da mente e viver uma aventura. Roubar um coração e viver na honestidade admissível Matar o passado e o presente e rasgar o futuro que prever Que os escritos tortos e sem rima deste poema impossível O autor é sem dúvida um perdido se achando ao escrever.
Antonio dos Anjos
Enviado por Antonio dos Anjos em 23/02/2011
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